quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A culpa é do Zé!

Crise Financeira versão leigo:

É assim:

O seu José tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender
cachaça 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados e quase
todos desempregados.




Porque decidiu vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço
da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam
pelo crédito) e ter um lucro maior.




O gerente do banco do seu José, um ousado administrador formado em curso
de Administração e com MBA, decide que as cadernetas das dívidas do bar
constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao
boteco tendo a pindura dos pinguços como garantia.




Mais adiante, alguns executivos do banco lastreiam os tais recebíveis e
os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outra sigla
financeira que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.




Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de
capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F
(Bolsa de Mercadoria e de Futuros), cujo lastro inicial todo mundo
desconhece (as tais cadernetas do seu José ).

Mais adiante, esses derivativos estão sendo negociados como se fossem
títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.




Até que alguém descobre que os bêbados desempregados da Vila Carrapato
não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu José vai à falência.
E toda a cadeia desmorona.


Fim.

2 comentários:

João disse...

Andas muito didáctico :P

O teu blogue devia ser paragem obrigatória para os caloiros de economia.

Joana disse...

complicado... LOL
;)